Artigo do Eng. João Carlos Martins, Pte da Associação Ex-Alunos CEFET/ETN e Conselheiro do CREA-RJ
EMPREENDEDORISMO E A ESCOLA PROFISSIONALIZANTE TRANSFORMADORA
Nas últimas décadas, o estudo do empreendedorismo ganhou espaço em vários campos da atividade humana. Esses estudos buscavam identificar traços de personalidades comuns entre os empreendedores que pudessem caracterizar as condições que os levam ao sucesso. Essas características agrupadas em comportamentos observáveis foram o grande avanço na pesquisa sobre o empreendedorismo. Pois, até então, não era possível identificar se uma pessoa era empreendedora. Conscientes da importância destas características para o sucesso pessoal e profissional e da necessidade de estimulá-las. Desejamos que os jovens possam alçar seus vôos e que busquem auto-sustentação, ficando livres da relação oprimido e opressor sob qualquer forma. Sabemos que as pessoas podem ser empreendedoras em suas várias atividades, e que estas não estão, necessariamente, vinculadas a uma atividade comercial ou de criação de um novo negócio. Podemos ser empreendedores no desenvolvimento de uma pesquisa, praticando esportes ou optando pela complementação de estudos, onde esta preocupação com a formação integral do jovem, desenvolvendo inclusive os comportamentos, pensamentos, atitudes e características de um empreendedor está durante todo o tempo presente, quando estimulamos:
1-a iniciativa, a capacidade de se antecipar aos fatos, criando novas oportunidades e soluções para os problemas apresentados.
2- a persistência, favorecendo o esforço e o enfrentamento dos obstáculos através da mudança de estratégias, de acordo com a situação.
3- o risco calculado, a disposição para assumir desafios, respondendo pessoalmente por eles.
4- a coragem para enfrentar desafios, ousar nas escolhas de alternativas, baseado no conhecimento e na determinação.
5- a eficiência, para que qualquer tarefa seja executada além das expectativas de prazos e de padrões de qualidade.
Devemos criar um espaço – “Escola Profissionalizante Transformadora” onde os jovens trabalhem na busca de informações, na investigação pessoal, indo além do que foi informado, buscando, se necessário, ajuda técnica ou especializada. O cumprimento de metas, a definição com clareza dos objetivos e pontos a serem alcançados a médio e curto prazo. O planejamento sistemático, dividindo tarefas, revisando planos, considerando os resultados obtidos e as mudanças circunstanciais. Independência e autoconfiança na busca da autonomia em relação aos procedimentos, as relações estabelecidas, as opiniões manifestadas, expressando confiança na sua própria capacidade de completar uma tarefa difícil ou de enfrentar desafios.
Trabalhando estas características comportamentais empreendedoras, presentes em todas as ações pessoais, profissionais, educacionais, estaremos contribuindo com muito mais que formação qualificada, mas contribuindo também com a formação qualificada e independente e capaz de gerir melhor sua vida e sua opção profissional. Estimulando os pontos fortes do indivíduo para que os utilizem em tudo que se faz e trazendo ao contato, ao reconhecimento dos pontos fracos, para desenvolvê-los, potencializando o comportamento empreendedor do ser humano. Assim, as novas informações, conceitos e experiências colocados ao seu alcance que promovam mudanças em seu conhecimento adquirido, contribui, a cada passo, para a construção de um novo saber compartilhado e atitudinal.
Estimular o empreendedorismo deve ser uma discussão das escolas profissionalizantes junto com a sociedade civil, com as empresas privadas, com as lideranças comunitárias buscando o entendimento e as parcerias necessárias para garantir uma educação melhor e mais completa para os jovens, adequando-os às exigências do mercado, contribuindo para a empregabilidade, que, uma vez alcançada, aumenta a auto-estima e os ajuda na solução de conflitos, de questões familiares e de afetividade.
Possibilitar ao jovem participação integral na sociedade não é apenas dar opções de “sim” ou “não”, significa interferir, modificar, criar, reinventar sua própria história.
Artigo do Eng. Alfredo Lobo – Sócio - Ex-aluno, Ex-diretor do Inmetro e Engenheiro da Petrobras
Tendências
A propósito do tema desta coluna, tendências, são abordados, neste artigo, os desafios que passam a recair sobre as empresas, como consequência do ambiente de economia globalizada do momento atual, enfatizando o que delas é esperado em relação à organização e gestão.
Nesse ambiente se destacam, e em alguns casos somente sobrevivem, as empresas competitivas. Vários fatores levam uma empresa a ser mais ou menos competitiva.
Cabe inicialmente fazer alguns comentários sobre o cenário de economia globalizada. A competitividade de uma empresa a leva a ter produtos com preços atraentes relativamente à concorrência, que precisam estar associados à qualidade, em especial no que diz respeito à segurança do consumidor ou usuário. Nesse sentido, a atestação da conformidade, por meio de um certificado ou selo de conformidade, atua como requisito importante para que os produtos acessem mercados exigentes. Eles funcionam como uma espécie de passaporte para acesso a um país.
A exigência do atestado ou selo de conformidade como pré-requisito para acesso ao mercado de um determinado país é, na maior parte das vezes, legítima, já que diminui a probabilidade de produtos inseguros chegarem até os pontos de venda. Os certificados ou selos de conformidade são importantes mecanismos de controle das fronteiras do país. Contribuem para evitar que o país seja um depositário de produtos sem qualidade, esta preliminarmente explicitada através das normas e regulamentos técnicos.
A par da competitividade do país, que tem enorme influência na competitividade das empresas nele instaladas, são apresentadas a seguir algumas tendências específicas que recaem sobre as mesmas.
Capacidade de inovação, desenvolvimento tecnológico, máquinas inteligentes, infraestrutura de transporte e telecomunicações são importantes, mas a questão central é o que se pode chamar de nível de digitalização. Aqui se subentende, dentre outros, a automação, com ênfase na dos processos produtivos, e os sistemas de informações.
Há uma tendência muito emblemática, que mostra a importância da digitalização na competitividade das empresas. Nas últimas décadas e até recentemente, grandes empresas dos Estados Unidos da América e da Europa, e até mesmo do Brasil, transferiram suas instalações fabris para os países asiáticos, em especial para a China, aproveitando-se do fato de encontrarem mão de obra barata, além de moeda desvalorizada, o que as tornava extremamente competitivas. Está ocorrendo que muitas destas empresas começaram a voltar para seus países de origem. E a razão é que o diferencial competitivo não mais se limita ao custo da mão de obra. O diferencial competitivo hoje está na digitalização.
Engana-se quem entender que os produtos chineses não têm qualidade e são inseguros. Na China, você encontra o que desejar. Se desejar importar produtos de baixo preço, ocasionalmente sem qualidade e inseguros, você os encontrará. Mas se pretender importar produtos de elevada qualidade, também os encontrará. A China tem infraestrutura, tecnologia de ponta e instalações fabris capazes de se adequar a exigências rigorosas de qualidade, segurança e desempenho das normas e regulamentos técnicos dos diferentes países importadores. Tudo dependerá do que seja explicitado no ato da compra. Mas o que a torna ainda hoje extremamente competitiva é sua mão de obra barata e sua moeda desvalorizada. Porém, a tendência é que o nível de digitalização do país e das empresas passe a ser o grande diferencial da sua competitividade.
Ocorre que tudo isto implica em profissionais com outro perfil. Educação passa a ser fator básico para a competitividade de uma empresa.
Logicamente, de nada adiantará ter um robusto sistema de informações se a empresa não dispõe de profissionais capazes de analisar, decodificar e usar as informações obtidas. A inteligência artificial é estratégica para que uma empresa seja competitiva.
O mesmo raciocínio se aplica à capacidade de inovação. A capacidade de inovar, desenvolvendo as soluções que a empresa efetivamente necessita, demanda a criação de um ambiente inovador, que é restrito a empresas que dispõe de profissionais devidamente capacitados para tal.
Como consequência de tudo isto, no que diz respeito à estrutura organizacional, determinadas funções deixam de existir. A digitalização as dispensa.
Diante de todos os cenários ora descritos, uma pergunta é inevitável: Eles são excludentes? Desempregarão profissionais? E a resposta é: na maior parte das vezes, não. Mas passam a demandar um novo perfil profissional, em especial no que diz respeito à educação. Alguns profissionais que não atenderem ao novo perfil tendem a perder o emprego. Mas outros profissionais devidamente capacitados ocuparão os postos de trabalho desocupados ou abertos. E esta tendência é uma questão que merece uma grande reflexão em nosso país. Será que nosso sistema de ensino está adequado a esta tendência?
História/Memória do registro sonoro no Brasil: 117 anos da Casa Edison do Rio de Janeiro
Artigo do Prof. Paulo C. Bittencourt*
O registro sonoro, tal como se conhece hoje, utilizando múltiplas mídias, a partir do vertiginoso avanço das novas tecnologias da informação e comunicação, teve seus primórdios em tempos remotos. Muitas teorias foram formuladas objetivando compreender, analisar e registrar os fenômenos físicos de natureza acústica. Vários grupos de estudiosos, oriundos dos mais diversos extratos da sociedade, ofereceram significativas contribuições. As caixas de música talvez tenham sido precursoras chave no registro e reprodução sonora, na modalidade exclusivamente mecânica. Desenvolvidas na Suíça, no final do século XVIII, pelo relojoeiro suíço Antoine Favre, foram sofrendo modificações ao longo do tempo. Por volta de 1850, o físico, médico e egiptólogo britânico Thomas Young apresentou um mecanismo de registro gráfico para o estudo de ondas acústicas denominado Vibroscópio, o qual não permitia a reprodução. Édouard-Léon Scott de Martinville, pesquisador francês, apresentou em 1860, como desdobramento do estudo de Young, o Fonoautógrafo, primeiro dispositivo do mundo a registrar graficamente, em papel, madeira ou vidro, uma vibração sonora sem, contudo, reproduzi-la. Já ao final do século XIX, precisamente em 1877, o notável cientista Thomas Edison apresentou o Fonógrafo de Edison, primeiro sistema mecânico do mundo destinado a registrar/gravar e reproduzir uma vibração sonora, operando com "cilindros de cera". Em 1888 o alemão Emil Berliner apresentou um dispositivo também de registro/reprodução mecânica, denominado Gramofone, no qual o cilindro era substituído por um "disco plano de goma laca". No Brasil, por iniciativa do notável comerciante e empreendedor tcheco Frederico Figner criou-se, em 1900, na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, a Casa Edison, a qual transformou-se no primeiro estúdio de gravação e varejo de discos do Brasil, aproveitando as técnicas de Edison e Berliner. A "febre" do registro mecânico afetou diretamente todo o Brasil, em especial a capital. O número de gravações cresceu de forma vertiginosa, assim como o de compradores dos fonógrafos e gramofones. Todos queriam ouvir de tudo, em todos os gêneros. Houve um profundo impacto da Ciência na Sociedade, que gerou marcantes transformações. Os registros da Casa Edison são as únicas fontes sonoras de um mundo que se foi transformando de forma desordenada, sem deixar rastros para pesquisadores. Cantigas, modinhas, marchinhas, dobrados, lundus, mazurcas, sonetos, discursos políticos, desgarradas, piadas, conflitos de toda sorte, tudo era gravado e tinha, na outra ponta, um interessado em reproduzir/ouvir. Acreditamos que os poucos registros da Casa Edison que resistiram ao tempo, hoje guardados em poucos museus ou coleções particulares, no Brasil e no exterior, constituem um inesgotável manancial para estudos multidisciplinares de uma época que nos é apresentada, em geral, em preto e branco, fria, muda e limitada, por intermédio das fotografias, mas que foi ardentemente vivida a cores e perpetuada!
*Engenheiro Eletricista/Professor do CEFET/RJ desde 1975, atuando no Curso Técnico de Eletrônica e no Curso de Engenharia Elétrica, ênfases em Eletrônica e Telecomunicações.
e-mail: profbitt@gmail.com
Artigo do Ex-aluno: Alexandre Pinhel - MAELSTROM Engenharia & Inovação
NanoGrids DC - Corrente contínua dentro de casa (de novo)
A provisão de infraestrutura para o fornecimento de eletricidade é usualmente denominada por “Eletrificação”. Ela teve início em Nova York, com Thomas Edison, em 1872 e operava em corrente contínua (Direct Current - DC). Mas todo aluno do CEFET sabe que a eletricidade que temos em casa é alternada, certo? O que aconteceu então?
George Westinghouse, outro gigante da época que via a eletricidade como grande mercado, logo entendeu que a abordagem de Edison tinha como grande limitação a distância máxima entre a produção e o consumo de eletricidade. Westinghouse viu uma saída no uso da corrente alternada (Alternating Current - AC) através do recém inventado transformador e, em 1886, inaugurou a primeira linha AC na cidade de Buffalo, também nos EUA.
Após uma feroz briga de titans conhecida como a "Guerra das Correntes", Westinghouse se saiu vitorioso uma vez que conseguiu demonstrar que, com o transformador, conseguia transportar energia elétrica a grandes distâncias. Em 1891 reforçou ainda mais a sua posição ao adquirir o controle das patentes do motor de indução e do sistema de transmissão de Nikola Tesla. Edison por sua vez se afastou da Eletrificação ao ser preterido por J. P. Morgan quando este criou a General Electric (GE) em 1892.
Em 1893 a Westinghouse Electric e a GE uniram esforços para a construção da usina Niagara Falls. Esta foi inaugurada em 1895 e é o marco zero do grid AC norte-americano em detrimento da abordagem DC de Edison.
Décadas se passaram até o advento do semicondutor e, com ele, todo tipo de equipamento demandando corrente contínua: computador, áudio, vídeo, telecomunicações, iluminação, controladores eletrônicos de motores. Mais do que nunca fez sentido alimentar residências com corrente contínua. A conversão fotovoltaica reforçou esse cenário ao proporcionar fonte local de energia. No início do século XXI só faltava uma forma viável de armazenamento.
Para preencher essa lacuna, o Mercado tem apostado fortemente nas rotas tecnológicas baseadas em baterias lítio-íon. Porém a busca por produtos com alta densidade de energia tem tornado os aspectos de segurança muito críticos, impactando o custo e dificultando a adoção em massa. Quebrando esse paradigma Jay Whitacre com sua bateria aquosa iônica híbrida (Aqueous Hybrid Ion - AHI) demonstrou que há alternativas sustentáveis, seguras e baratas com chance de fazer o sonho de Edison finalmente se tornar realidade.
Tudo indica que veremos, nos próximos anos, um novo e promissor mercado: sistemas de corrente contínua residenciais ou, usando uma terminologia mais moderna, NanoGrids DC. Fiquem ligados nisso! Aliás eu mesmo já tenho um em casa. Quem quiser saber mais detalhes entre em contato com a Associação de ex-alunos do CEFET/RJ!